o forrobodó!
VÍTOR QUEIROZ
Siri, camarão
rosa – a palhoça.
Cabras magricelas.
Bocas prenhes de pó
massapê e remela
SOL
Salamandra, ostra
de mangue – a praça.
Lacrau, asa de mosca
um salamaleque
bebe-fumo e estrelas
3 peças do ciclo de poemas “Zeca Diabo” de Vítor Queiroz
PAULO J. DE AFONSINHO
trovões. raios que lascam dia noite tudo escuro: no meio um clarão [esse estrondo] .. valei-me Santa: o rapazola se esconde debaixo da primeira saia. despenca o céu aguaceiro virada ninguém nem a Santa há de remediar. salve-se: é o que se deveria escutar diante do horror da tempestade fora de hora naquela vila [rio. barquinhos ancorados tilintavam nas ondas quais: apenas o vento e a areia fina se encorajavam de passear cortando a praia em direção aos casebres onde bares .. pescadores. mas acontece que tava era todo mundo festejando [fogos: também se ouvia o estampido como que comemorando qualquer milagre da Santa]. né não: se passaram sete anos [uma senhorinha de seus oitenta berra se esgoelando: é hoje]. alguma coisa difícil de prever se fosse contada assim sem aprochegos. todo mundo vibrando com certa notícia ao cabo de sete anos: o Diabo [mas e ela: valei-me Santa]. posso não.
abertura da novela “Guaiamuns” de Paulo J. de Afonsinho
STELLA BONI
fotografias retiradas da narrativa visual "O Bote" de Stella Boni
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Leitura: Diogo H. Cardoso e Vitor Queiroz. O vídeo foi gravado em parceria com Renan Joele (direção, filmagem e edição) e Daniel Dinato (filmagem).